sábado, 16 de maio de 2015

Empreiteiro diz que doação a filho de Renan era propina

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Empreiteiro diz que doação a filho de Renan era propina

Zanone Fraissat - 14.nov.2014/Folhapress
O empresário Ricardo Pessoa, presidente da UTC, quando foi preso, em novembro de 2014
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O empresário Ricardo Pessoa, presidente da UTC, quando foi preso, em novembro de 2014

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O empresário Ricardo Pessoa, dono das empreiteiras UTC e Constran, disse aos procuradores da Operação Lava Jato que as doações que fez à campanha do governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), no ano passado eram parte da propina paga para manter seus contratos na Petrobras.
Filho do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o governador recebeu R$ 1 milhão da UTC. A empreiteira repassou o dinheiro para o diretório estadual do PMDB em duas parcelas, em agosto e setembro.
Apontado como líder do cartel de empresas associado ao esquema de corrupção descoberto na Petrobras, Pessoa fechou na quarta-feira (13) acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, comprometendo-se a contar o que sabe para obter pena menor.
O empreiteiro apresentou uma relação com cerca de 30 episódios que promete detalhar em seus depoimentos nos próximos dias, e entregou também vários documentos que, segundo ele, poderão ser úteis para as investigações.
A Procuradoria-Geral da República conduz investigações sobre 48 políticos suspeitos de envolvimento com a corrupção na Petrobras, entre eles o próprio Renan.
Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que também fez acordo para confessar seus crimes e passou a colaborar com as investigações, Renan e outros líderes do PMDB garantiram o apoio político necessário à sua permanência na estatal e receberam parte dos recursos desviados pelo esquema.
O presidente do Senado nega qualquer tipo de envolvimento com corrupção. Por meio de sua assessoria, Renan Filho disse que as doações recebidas por sua campanha em Alagoas foram feitas conforme a legislação.
Nas negociações com os procuradores, Pessoa afirmou também que suas doações à campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, no valor total de R$ 7,5 milhões, foram feitas porque ele temia prejuízos em seus negócios com a Petrobras se não colaborasse com o PT.
Ele disse que tratou das contribuições com o tesoureiro da campanha, Edinho Silva, hoje ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Pessoa afirmou que procurou Edinho a pedido do então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, hoje afastado do partido e preso em Curitiba.
OUTRAS CAMPANHAS
O empreiteiro apontou aos procuradores os nomes de pelo menos dez congressistas e de outro governador, além de Renan Filho, como beneficiários do esquema. Pessoa também indicou o ex-deputado federal João Pizzolatti (PP-SC), que já é alvo de um inquérito em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal).
Além da UTC, seis empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato fizeram doações ao diretório do PMDB em Alagoas e à campanha de Renan Filho no ano passado. Ao todo, as empresas sob suspeita doaram R$ 7,7 milhões, o equivalente a 40% do que o governador gastou para se eleger.
Colaboraram com Renan Filho as construtoras OAS, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e Serveng Civilsan, todas investigadas por suspeita de participar do cartel investigado pela Lava Jato.
No ano passado, a UTC e a Constran distribuíram R$ 54,5 milhões em contribuições eleitorais. As duas empresas ajudaram a financiar a campanha de 11 deputados federais e dois senadores eleitos, de acordo com as prestações de contas oficiais dos partidos.
OUTRO LADO
O governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), afirmou por meio de sua assessoria que as doações à sua campanha no ano passado "foram feitas de acordo com as exigências legais" e que suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) negou envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras e disse que entregaria voluntariamente todos o documentos fiscais e bancários necessários às autoridades que atuam na Lava Jato.
A defesa do ex-deputado João Pizzolatti também negou recebimento de propina e disse que sua movimentação bancária está a disposição dos investigadores.
Em nota, o PT rechaçou as acusações e reiteirou a legalidade das doações à campanha de Dilma Rousseff em 2014. Versão semelhante foi apresentada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
A assessoria de Edinho Silva (Secom) informou que a posição do ministro já estava contemplada na nota do PT.
Luiz Inácio Lula da Silva não se pronunciou.
A defesa de João Vaccari Neto disse que ele só captou doações legais para o PT e não participou do esquema de corrupção na Petrobras.
A defesa do ex-ministro José Dirceu informou que o contrato de consultoria com a UTC visava a prospecção de negócios no Peru, sem qualquer relação com a Petrobras.
Editoria de Arte/Folhapress

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