sábado, 7 de março de 2015

Coronel Audálio Tenório , o TENÓRIO que salvou o capitão Virgulino LAMPIÃO.

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Coronel Audálio Tenório ,

o  TENÓRIO que salvou

 o capitão  Virgulino LAMPIÃO.

Virgulino Ferreira Lampião, a sua cegueira  e  o  Coronel Audálio Tenório de Albuquerque

 

Era o inicio do ano de 1937, faltava pouco mais de um ano  para a sua morte  ocorrida no  amanhecer do dia 28 de  julho de 1938,   madrugada do dia 27 para o dia 28,  a cabroeira   se preparava  para a reza e o café da manhã,   num ataque surpresa na Fazenda Angico, Estado de Sergipe,  num local chamado gruta do angico, o capitão  sofreu a maior emboscada da vida , morrendo ao lado de  Maria Bonita e de muitos companheiros, ali,  seria aniquilado a maior fase do cangaço meio de vida , a pior variedade desta estranha e sanguinária profissão, naquele dia   o Tenente João Bezerra da Silva,  Pernambucano das Ingazeira , nascido em 1898,  lotado na Policia  das Alagoas  enterrava o Cangaço no Brasil, o Tenente foi cria do Cangaceiro Antonio Silvino, o “Rifle de ouro”, o maior atirador do nordeste brasileiro, o Tenente possuía uma richa com o Capitão, foi cabra do seu maior inimigo, o Coronel paraibano José Pereira , de Princesa- Pb, importante  pólo político da época, um dos pivores do assassinato do Governador  João Pessoa, em 1930.

Nesta época ,  1937,  O Capitão Virgulino vivia amasiado pelos estados de  Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia( no Raso da Catarina) . O homem era um estrategista de causar inveja a qualquer experiente general de brigada  , esta região beirava o Rio São Francisco,  exatamente no local que o Rio faz uma interseção  entre os  quatro Estados.

O capitão que só possuía um olho bom, o esquerdo, uma vez que , ficara cego do olho direito muito cedo,  devido a uma doença chamada glaucoma congênito  que lhe acompanhava desde a infância,  desta vez  passou a sentir queimor,  lacrimejamento, prurido intenso e diminuição da acuidade visual à esquerda, procurou o  Coronel Manoel  Maranhão no Estado de Alagoas   na sua fazenda,   divisa com Pernambuco e lhe pediu socorro,  de imediato,  pediram  a ajuda  do Coronel  Audálio Tenório de Albuquerque, homem poderoso, fazendeiro, coiteiro  e amigo de Lampião de 1930 a 1938, um dos mais importantes homens do Sertão Pernambucano.

O Coronel Audálio Tenório , que se encontrava em uma das suas Fazendas( a Formosa), recebeu o chamado do Capitão e foi ao seu encontro, pegou o seu FORD e foi até a fazenda do amigo Maranhão, lá encontrou um  Lampião cabisbaixo, triste, desanimado e temente a ficar cego, a sua vista boa se encontrava doente, temia  perde-la, o seu tratamento se resumia a um grupo de velhas rezadeiras , ervas e panos para limpeza, estava em derrocada, o capitão estava morrendo.

O  Coronel Audálio  Tenório Cavalcante,  por ser respeitado pelo capitão,  fez várias propostas, uma delas era o abandono do cangaço, faria tudo para limpar o seu passado, o capitão Virgulino declinou do conselho,   disse que estava muito cedo e que ainda tinha muito por fazer, o Tenório não titubeou, no outro dia resolveu levar o capitão para Recife, procurou o Dr. Isaac Salazar , o mais famoso oftalmologista do Estado que ficou famosíssimo depois que foi para o Juazeiro do Norte e lá operou o Patriarca do Nordeste , o Padre Cícero Romão Baptista, o homem ganhou fama em todo o mundo.  A idéia  foi conduzi-lo  ao grande especialista , contudo,  não poderia levá-lo, era muito arriscado, as volantes vasculhavam os sertões à procura do cangaceiro, riscavam a caatinga diuturnamente,  a ordem era matar  os cangaceiros, os coiteiros, os amigos e os seus protetores, o Getúlio  não brincava em serviço, a lei era matar, a estratégia do Tenório foi transformar o  capitão Virgulino Lampião no  seu melhor vaqueiro e compadre, fez uma visita  ao consultório do especialista , contou detalhadamente o problema do paciente, o médico prescreveu alguns medicamentos, injeções, pomadas, colírios e bandagens,  dias depois chegava na sua fazenda  o Coronel com todos os medicamentos e o capitão inicia o milagroso tratamento, a vista foi melhorando, aos poucos foi clareando , como trunfo, cheio de alegria  e de vida,   Lampião mostrou ao grande  amigo,  um frasco de estricnina e uma garrafa metálica cheia   gasolina, caso ficasse completamente cego,  cometeria o suicídio,  beberia  o veneno  para não ser  pego pela volante, porém,  antes tocaria fogo em todo o dinheiro guardado nos seus bornais com a gasolina , relatou que  não seria um bobo para ser preso e ainda enricar alguns macacos com o seu suor. O homem era macho, foi assim que o capitão não ficou totalmente cego.

Nesta época o capitão já se encontrava em decadência, não tinha a mesma força, o clímax do cangaceiro é aos 25 anos, as volantes tinham ordem de matar para depois conversar, era lei qualquer cidadão ficar com os bens do cangaceiro caso o   matasse, todo mundo queria ficar rico, os jornais noticiavam diariamente as estripulias e as maldades do cangaço, as estradas  que cortavam os sertões permitiam o envio de caminhões de soldados e munições, as mulheres e os filhos  passaram a ser uma das preocupações dos cangaceiros, os coiteiros sumiram, o cangaço perdia a força, a lei era matar, até que em 1938, na emboscada do Angico,  o capitão , Maria Bonita e quase toda a sua cabroeira tombaram sem vida  na frente da mais temida metralhadora da época, a famosa metralhadora caga fogo,  chamada carinhosamente pelas volantes de:  A COSTUREIRA. 

O Coronel Audálio Tenório de Albuquerque, grande latifundiário de Pernambuco e Alagoas, foi deputado Estadual eleito por Pernambuco em 1966 e cassado pela ditadura militar brasileira. O governo 50 anos depois devolveu o seu mandato, agora em 2012 ,o Coronel já havia falecido. Mandatos devolvidos 50 anos após cassação pelo regime militar ,Diario de Pernambuco.  Publicação: 07/12/2012

 

Iderval ReginaldoTenório

Fonte de pesquisa, diversas obras sobre o cangaço, 1- Guerreiro do Sol, Frederico Pernambucano de Melo , Editora  A GIRAFA.2- Diario de Pernambuco.

 

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