IDERVAL TENÓRIO: EDITORIAL - BRASIL O PAÍS DO ENTRETENIMENTO, OS JOCAS E OS JOQUINHAS.

BRASIL O PAÍS DO ENTRETENIMENTO

OS JOCAS E OS JOQUINHAS.

Joquinha sonhava em ser gente, na sala era o melhor aluno, beirava os 18 anos quando terminou o curso secundário, passado esta fase, a alimentação, as vestimentas, o transporte e a moradia passaram a ser os entraves para um futuro melhor.

A criança sonhava, dormia e sonhava quando deveria está acordada, os pais o mantinha dormindo e sonhando, a vida real o pegou em cheio, a criança que havia no Joquinha ficou para trás, o hormônio testosterona abriu os seus olhos e o jogou no verdadeiro mundo, o celular de última geração , puro entretimento, deixou de ser o brinquedo predileto, os tênis, os fast foods, os shorts, as baladas e os shoppings deixaram de se ilusão, passaram a ser tarefas obrigatórias custe o que custar.

O mundo ficou maior, o seu raio de ação foi ampliado, as rédeas foram soltas, as asas ganharam planos e autonomia de vôos, Joquinha necessitou de novos incentivos, de novos horizontes e de uma vida nova, Joquinha acordou para a vida e passou a procurar o seu espaço.

As necessidades de consumo juvenil tornaram-se adultas, a voz engrossou, a vontade do vôo solo passou a ocupar os seus sonhos, o neo adulto cognominou-se de Joca, sem a providencial formação familiar, vendo , vivendo e convivendo com os descompassos da família ingressou numa nova aventura, Joquinha não é mais uma criança, entrou no mundo dos adultos, o Estatuto do menor e do adolescente não mais é a sua cartilha, o rebento já é dono de suas próprias narinas e o responsável pelos próprios punhos. A sua assinatura, a sanidade mental perfeita e a maioridade lhes impõem responsabilidade civil, lhes impõem conhecimentos das leis e obediência à Constituição Federal, Joquinha virou gente, agora é Joca.

Muitos são os Joquinhas que trilham escusos caminhos, muitos se apaixonam e se amofinam, outros se desentendem , se perdem , ficam violentos e têm vida curta. O mundo prossegue, o tempo passa, a sociedade se moderniza e continuam a nascer novos Joquinhas, poucos são os que se encontram na boa condução da vida, tudo fruto da frágil base familiar , da insuficiência do ensino fundamental e da prática antiética de alguns gestores e de muitos segmentos oficiais da nação.

O país precisa cuidar do seu futuro, precisa cuidar dos cuidadores e responsáveis pelos seus Joquinhas para que os milhões de Jocas não sejam jogados na boca dos indomáveis e famintos leões, uma vez que, nesta selva de pedras não se distingue enquanto filhote, se o rebento caminhará para presa ou predador, tudo é questão de tempo, oportunidades, educação e dos reveladores hormônios sexuais, no homem a testosterona. Urge cuidado, muito cuidado.

Iderval Reginaldo Tenório