terça-feira, 2 de setembro de 2014

O sonho de Marina / Por Luiz Holanda

O sonho de Marina
Luiz Holanda

Marina Silva, até a morte de Eduardo Campos, era considerada um peso morto em sua campanha para a presidência da República. Até o momento da tragédia, não tinha conseguido transferir os votos que teve nas últimas eleições presidenciais para o cabeça da chapa. Além disso, era taxada de encrenqueira, pois atrapalhava as negociações feitas por Campos no campo econômico e em algumas coligações partidárias na áreapolítica.

Não tendo afinidade com o PSB que a hospeda precisa, agora que encabeça a chapa, construir alguma base de apoio para ganhar essas eleições. Além de dispor de pouco tempo de televisão em sua campanha (2min3seg), contra 4min35seg de Aécio e 11min24seg de Dilma, sua experiência administrativa é contestada pelos demais candidatos. A isso Marina responde que governará com as melhores cabeças, que, segundo ela, estão nas universidades e em outros partidos. Com essas alegações tenta barraras acusações de que, caso seja eleita, não tem como formar um ministério de qualidade.

Ao mesmo tempo em que procura desanuviar o ambiente pelas críticas dos seus adversários, aceitou um vice com ligações no agronegócio, na indústria de armas e em outros setores da economia, além do apoio da banqueira Neca Setúbal, do Itaú, e de  Guilherme Leal, dono da Natura. Ao criticar a viciada disputa entre PT e PSDB, a candidata promete acabar com a institucionalização da corrupção no governo, bem como toda espécie de mensalão, inclusive o mineiro.

Após 30 anos de vida pública, até agora ninguém diz nada contra a sua conduta pessoal, principalmente no campo ético. Sua reputação, construída ao longo dessa jornada, cujo início, na esfera político-partidária, deu-se na vereança, continuou como deputada estadual e senadora (eleita sempre com votações recordes), além do período em que esteve à frente do Ministério do Meio ambiente. Durante seu tempo como ministra, apresentou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desenvolvimento da Amazônia Legal, que contou com a participação de 14 ministérios. Graças a esse plano, o desmatamento da Amazônia caiu 57% no período.
Nascida em Breu Velho, nos confins do Acre, trabalhou no seringal para sobreviver. Contraiu hepatite aos 16 anos, além de cinco malárias e uma leishmaniose. Ao se mudar para a capital Rio Branco, para estudar, teve de trabalhar como empregada doméstica para sobreviver. Aprendeu a ler e a escrever no Mobral; em seguida ingressou na Universidade Federal do Estado e se graduou em Licenciatura em História. Sua vocação social se revelou quando ainda estava no Convento das Servas de Maria Reparadoras. Conviveu com Chico Mendes e tornou-se militante política e reformadora, tendo, inclusive, ajudado a criar a CUT em seu estado.

Ao rebater as críticas de seus adversários, disse que “Muita gente no Brasil diz que não podemos ser governados por amadores do sonho. Ou apostam no sonho, ou vamos continuar nas mãos dos profissionais, dos que fazem escolhas incorretas”. Se a Psicologia Analítica estiver certa, o simbolismo do sonho de Marina, na prática,depende das associações feitas por ela. Para atingir uma nação, não basta apenas sonhar. É preciso que o sonhador ou a sonhadora o amplifique, e,a partir das dimensões coletivas e universais,estabeleça uma relação  entre o povo e o sonho.. 

Segundo o Talmude, todo sonho tem algo de profético. Se a candidata mantiver os índices de aceitação constatado nas últimas pesquisas e derrotar o PT e a corja que o apoia, seu sonho será lembrado tal qual aquela canção antiga, de nome Sa Marina,cujo último verso diz “que fez o povo inteiro cantar”. Só que, desta vez, os versos serão assim:“Descendo a rua da ladeira, só quem viu pode contar. Cheirando a flor de laranjeira, Marina fez o povo inteiro sonhar... Fez o povo inteiro sonhar”.   
LUIZ HOLANDA 

  • Luiz Gonzaga - Buraco de Tatu (1956) - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=V-czxPsnAdA
    22/12/2011 - Vídeo enviado por Alexandre Ribeiro
    Título: Buraco de tatu Ritmo: chote Autoria: Jadir Ambrósio.



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