domingo, 6 de julho de 2014

CASO NEYMAR, POR VERONICA MENEZES




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                                        CASO NEYMAR
Verônica Menezes

 

 Refletindo um pouco mais sobre o "caso Neymar”:

Percebi o quanto a sua saída da Copa do Mundo causou comoção, indignando a muitos e a poucos causou indiferença. Mas quero refletir sobre aqueles que tanto se sensibilizaram com... o fato, escrevendo textos incríveis, falando de suas inquietações, rogando praga, acusando ao jogador Zuñiga pela atitude desleal, desonesta, desrespeitando as regras do jogo, que eu em particular concordo e acho que faz muito sentido... Acredito que este acontecimento deva nos servir como lição de convivência com o outro e nos fazer repensar o nosso próprio comportamento no campo da vida, onde todos nós somos jogadores e muitas vezes não respeitamos as regras do jogo, muito menos os outros jogadores, e cometemos várias penalidades.

Achamos absurdo o comportamento de Zuñiga, mas agimos exatamente como ele agiu, cometendo faltas que levam o outro ao nocaute, puxando o tapete, com atitudes que já são "comuns": levantando falso, julgando, fazendo críticas não-construtivas, passando adiante informações destorcidas, trabalhando para derrubar o outro, tirando oportunidades, sendo preconceituosos, atrapalhando e impedindo que o sonho do outro possa se realizar. Acho, na verdade, que nada é por acaso, infelizmente foi desta forma, ninguém merece passar por essa experiência que Neymar passou, mas o que aconteceu com ele está servindo para todos nós jogadores da vida, do mundo refletirmos.

Certamente Neymar não merecia de fato sair da copa depois de tanto esforço, depois de fazer tão bonito. Mas aqui fora do campo, na vida de verdade é exatamente assim que agimos, tirando a oportunidade do outro, fazendo de tudo para ofuscar o brilho daqueles que brilham, por que nos incomoda de alguma forma, e quando podemos ajudar, nos negamos a estender a mão, elegemos quem "deve" ou não ser ajudado. É assim que agimos, nos sensibilizamos com os absurdos que os outros cometem, mas não com os nossos próprios absurdos. Encontramos a medida exata para as penalidades que o outro comete, mas nunca para as nossas, para as quais sempre encontramos justificativas.

O que passa na tela da TV nos sensibiliza muito mais do que o que acontece bem debaixo do nosso nariz, à nossa frente, o erro do outro é sempre maior que o nosso, a forma que o outro deve pagar por seus erros é muito mais severa que a nossa. Não é preciso aguardar ver o outro cair no chão, chorando de dor, completamente paralisado para sentirmos compaixão. Vamos acordar, porque isso acontece todos os dias, vários Zuñigas em campo derrubando gente, desrespeitando profissionais, tentando destruir sonhos alheios, ignorando o suor e trabalho dos outros, desfazendo lares, traindo. Vamos usar com nós mesmos, caso haja necessidade, os mesmos critérios que usamos com o Zuñiga, mas pode não ser suficiente nós julgarmos a nós mesmos, e podemos ter que perguntar a outros jogadores da vida se já cometemos alguma dessas ou outras penalidades contra ele que o tenham levado a nocaute, talvez você não se lembre mais.

O que acontece com o outro nos serve de espelho. Tudo bem que seja natural darmos a nossa opinião no calor da emoção, mas é importante refletir o que estamos projetando no outro é que também o está em nós.

Verônica Menezes

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