domingo, 1 de dezembro de 2013

DOENÇA DO REFLUXO NA CRIANÇA

DOENÇA DO REFLUXO NA CRIANÇA

Texto: 

Fabiana Nonjah | Lages

O refluxo faz o alimento retornar ao esôfago depois de ter atingido o estômago e é considerado uma importante causa da morte súbita em bebês até 18 meses de idade. Os pais devem ficar atentos a sintomas e tomar os cuidados orientados por pediatras, como o de deitar a criança de barriga para cima com a cabeceira do berço inclinada em um ângulo de cerca de 45 graus, para afastar o risco de óbito.

A mãe chega ao consultório médico e reclama que o bebê chora muito, ela dá remédio contra cólica, mas não faz efeito. Segundo o pediatra Mbula Luzingu Barros, esse é um alerta de que o bebê pode sofrer de refluxo.

Barros explica que o refluxo pode ser de dois tipos, o fisiológico ou a doença. O primeiro é mais comum e não causa maiores prejuízos. O pediatra descreve que nesse caso a criança se alimenta e cresce bem, além de não ter azia. Tem vômito, mas convive perfeitamente com isso. "Ela vomita e sorri", observa o médico em uma linguagem fácil de entender.

O contrário acontece quando a criança tem a doença refluxo. A azia faz com que ela chore bastante. Outro sintoma importante é o fato de ela apresentar súbitos episódios de asfixia enquanto está deitada e, quando os pais olham, ela tem leite na boca. 
A criança que começa sugar o seio, para e começa chorar ou tem acessos de tosse, como se estivesse com bronquite, também está dando sinais de que tem a doença. A tosse, de acordo com o pediatra, acontece porque o líquido do estômago (líquido biliar), respinga dentro do pulmão. 
O retorno do alimento do estômago e o vazamento do líquido biliar ocorrem porque a válvula que regula a passagem do alimento do esôfago para o estômago (cárdia), por algum motivo ainda desconhecido como afirma o pediatra, não fecha bem. "Se encher demais o estômago a válvula abre e o alimento volta", esclarece o médico ao revelar que 20% dos pacientes de até um ano e meio de idade que atende em seu consultório têm a doença.
A boa notícia é que a doença pode desaparecer ou os sintomas reduzirem bastante, o que elimina a necessidade de tratamento e permite o uso de medicação apenas por alguns dias e só durante crises.

Barros indica que, ao perceber os sintomas, a mãe ofereça mamadas breves e mais frequentes para a criança, evite dar remédio contra cólica e chacoalhar o bebê, porque se balançar a criança vai estimular que o leite volte do estômago.



Barros alerta que o ideal é procurar um pediatra, porque como especialista ele vai saber identificar a doença com mais facilidade.

O médico também alerta que a orientação de deitar a criança sempre em posição elevada pode ser o fator mais importante na lista de cuidados.
Ele acrescenta que atualmente os pediatras recomendam aos pais que não usem travesseiro na cama da criança, para evitar que ela se asfixie. A chupeta, que já foi vilã, agora tem o uso indicado, principalmente para dormir, porque mantém a boca da criança aberta. Se ela tiver dificuldades de respirar pelo nariz vai conseguir fazer isso pela boca. "Teoricamente reduz o risco de morte súbita", fala Barros.
O pediatra lembra que as crianças que sofrem morte súbita normalmente não aparentam ter nenhuma doença. "Pode ser que o refluxo seja um fator importante na morte súbita", avalia o médico ao reforçar que as causas desse tipo de óbito ainda não são conhecidas.
Barros comenta que as crianças que sofreram morte súbita foram estudadas e a constatação foi de que a maioria estava deitada de barriga para baixo ou de lado. Por isso, se pede aos pais que deitem a criança com a barriga para cima.

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