terça-feira, 31 de dezembro de 2013

CEGO OLIVEIRA- O HOMEM QUE TOCAVA RABECA NAS RUAS DE JUAZREIRO DO NORTE


Pedro Oliveira, nascido em 1912, naquele pequeno sítio no Crato, morreu em 1997, aos 85 anos de idade, na terra que adotou como sua, pois nela recebeu a bênção de seu "padim", Padre Cícero, o Juazeiro do Norte.

Cego Oliveira rompeu as fronteiras do Cariri. Seu nome chegou à capital, e daí ganhou o mundo. Meteu o pé na estrada, visitou terras distantes, onde pôde revelar o vigor do seu estro. Vamos ouvi-lo:

"Na profissão de cantoria eu já viajei pra São Paulo, pro Rio de Janeiro, pra Fortaleza... Eu já cantei na televisão, mas ao invés de melhorar ficou pior. Quando é no tempo de romaria, eu tou tocando a minha rabequinha, aí chega um romeiro, fica olhando e diz: "– Ah!, esse cego aí eu já vi, ele passou na televisão. Não dê esmola a ele que ele é rico, ele vive passando na televisão"...
     Pois bem, e o pobre do besta aqui passando necessidade. Eu passo é de um ano sem ver um pedaço de carne no prato."
 
ESCUTEM O GRANDE CEGO E A SUA RABECA.
VEJAM O QUE O MESMO FALA DO SEU INSTRUMENTO.

Cego Oliveira - Minha Rabequinha - YouTube

www.youtube.com/watch?v=hdA9lvKUF6E
26/10/2007 - Vídeo enviado por Carlos M.
Na década de 80, já velho, o Cego Oliveira, músico e poeta popular do ... "São José também chorou" e "A ...
  • Orquestra de Rabeca SESC Cego Oliveira - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=h1FKfMNWyDU
    17/10/2007 - Vídeo enviado por DI FREITTAS
    Orquestra de Rabeca SESC Cego Oliveira ... Rabeca - PÉ DE MULAMBO - A História do Peixe Tuninha ...

  • "Hoje eu estou ficando velho, ficando distraído das coisas. Já esqueci muitos versos... A profissão hoje em dia não dá mais pra quase nada, a gente quase não recebe mais encomenda de cantoria. Ainda canto um pouquinho nas romarias, enquanto houver romaria eu ganho um pouquinho que dá para viver. Antes de chegar esses programas de rádio, esses violeiros modernos, eu era convidado para tudo que era canto, pra toda a região. Tinha dia de sábado para eu ser convidado para quatro casamentos e não dava vencimento... Essas cantorias de rádio foi quem derrubou eu e muitos outros cantadores como eu."

    "Quando eu era novo era bom demais. Eu chegava numa festa e me juntava mais os companheiros, a gente tocava rabeca, "pife" e zabumba... Bebia cachaça e pintava o sete. Eu cantei com muitos cantadores afamados do sertão. Uma vez o poeta Zé Mergulhão tava me aperriando numa cantoria, com os versos malcriados querendo me encourar... Então eu cantei:

    "Poeta Zé Mergulhão
         Você procure a defesa,
         Eu lhe dou a explicação
         Com toda delicadeza,
         Eu com a rabeca na mão,
         Eu canto por precisão
         E você por sem-vergonheza"...

    "A vida do cantador foi a melhor que eu já achei, porque trabalhar no pesado eu não posso, pegar no alheio eu não vou. Assim, vou cantando... É como eu digo:

    "Essa minha rabequinha
         É meus pés, é minha mão
         É minha roça de mandioca,
         É minha farinha, o meu feijão,
         É minha safra de algodão,
         Dela eu faço profissão
         Por não poder trabalhar,
         Mas ao padre fui perguntar
         Se cantar fazia mal.
         Ele me disse: Oliveira,
         Pode cantar bem na praça,
         Porém se cantar de graça
         Cái em pecado mortal"...

     

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