SEU DOTOR ME CONHECE
AMIGOS, VEJAM O QUE DIZ O MESTRE PATATIVA DO ASSARÉ , QUANDO NA SECA DE 32 OFICIALIZA O PRESIDENTE A REPUBLICA, OS DESEMBARGADORES, OS JUÍZES, OS GOVERNADORES E OS PREFEITOS DESTE BRASILZÃO DE MEUS DEUS.
VEJAM COMO COLOCA VIDA NUMA UNIDADE DO PAÍS, VIDA NO MEU QUERIDO E SOFRIDO CEARÁ, VEJAM COMO ELE HUMANIZA UMA SITUAÇÃO E COMO VAI FUNDO COMO SE FOSSE APENAS UM CIDADÃO , QUANDO NA VERDADE FALA POR UMA NAÇÃO INTEIRA.
VIVA O ANTONIO GONÇALVES O NOSSO PATATIVA DO ASSARÉ, LÁ DO MEU AGUERRIDO E GUERREIRO ESTADO DO CEARÁ.
Iderval Reginaldo Tenório
Patativa de Assaré.
1932
1932
SEU DOTOR ME CONHECE
Seu dotô, só me parece
Que o sinhô não me conhece
Nunca sôbe quem sou eu
Nunca viu minha paioça,
Minha muié, minha roça,
E os fio que Deus me deu.
Se não sabe, escute agora,
Que eu vô contá minha história,
Tenha a bondade de ouvi:
Eu sou da crasse matuta,
Da crasse que não desfruta
Das riqueza do Brasil.
Sou aquele que conhece
As privação que padece
O mais pobre camponês;
Tenho passado na vida
De cinco mês em seguida
Sem comê carne uma vez.
Sou o que durante a semana,
Cumprindo a sina tirana,
Na grande labutação
Pra sustentá a famia
Só tem direito a dois dia
O resto é pra o patrão.
Sou o que no tempo da guerra
Contra o gosto se desterra
Pra nunca mais vortá
E vai morrê no estrangêro
Como pobre brasilêro
Longe do torrão natá.
Sou o sertanejo que cansa
De votá, com esperança
Do Brasil ficá mió;
Mas o Brasil continua
Na cantiga da perua
Que é: pió, pió, pió...
Sou o mendigo sem sossego
Que por não achá emprego
Se vê forçado a seguí
Sem direção e sem norte,
Envergonhado da sorte,
De porta em porta a pedí.
Sou aquele desgraçado,
Que nos ano atravessado
Vai batê no Maranhão,
Sujeito a todo o matrato,
Bicho de pé, carrapato,
E os ataques de sezão.
Senhô dotô , não se enfade
Vá guardando essa verdade
Na memória, pode crê
Que sou aquele operário
Que ganha um nobre salário
Que não dá nem pra comê
Sou ele todo, em carne e osso,
Muitas vez, não tenho armoço
Nem também o que jantá;
Eu sou aquele rocêro,
Sem camisa e sem dinhêro,
Cantado por Juvená.
Sim, por Juvená Galeno,
O poeta, aquele geno,
O maió dos trovadô,
Aquele coração nobre
Que a minha vida de pobre
Muito sentido cantou.
Há mais de cem ano eu vivo
Nesta vida de cativo
E a potreção não chegou;
Sofro munto e corro estreito,
Inda tou do mermo jeito
Que Juvená me deixou.
Sofrendo a mesma sentença
Tou quase perdendo a crença,
E pra ninguém se enganá
Vou deixá o meu nome aqui:
Eu sou fio do Brasil,
E o meu nome é Ceará.
Sem palavras pra essa poesia.. muito linda como nordestino posso dizer que ele me representa!! tenho um disco LP q tem este cordel escuto sempre que posso.
ResponderExcluirPatativa do Assaré faz muita falta ao Brasil,ao Nordeste,ao Ceará.Seus poemas serão sempre lidos como escritos atuais,seus poemas recitados por nós como orações diante de Deus Jesus a pedir pelo nordestino desempregado, 12 milhões no Brasil.Seu poema:"seu dotô me conhece",é a realidade dos políticos Brasileiros que de quatro em quatro anos chegam no Nordeste sofrido,prometendo emprego rápido,comida na mesa não vai faltar,escola já reformada com educação de qualidade pra todo mundo estudar, o fim do analfabetismo com material escolar gratuito entregue na escola pra os alunos não faltar,no futuro ser dotô e sua família ajudar e no Nordeste,no Ceará,no Brasil aqui sempre morar,não precisar ser retirante quando a seca castigar.porém já tanto enganou que outra vez não vou votar. Maria Gorette de Melo Feitosa. Func. da URCA/CE.
ResponderExcluirMaria Goreti, parabéns pelo seu comentário, disse tudo, o velho Patativa o nosso gênio maior da nossa queirda Assaré foi sublime e agora você também foi longe,de você eu me orgulho.
ResponderExcluirPatativa é a voz dos desgraçados, desempregados e abandonado pelas políticas dos governos que só valorizam o grande, banqueiro e empresário.
ResponderExcluirDenuncia o abandono de uma gente brasileira tão trabalhadora e ávida por melhores dias.
Viva Patativa!