sábado, 20 de julho de 2013

A EMANCIPAÇÃO POLITICA DO JUAZEIRO DO NORTE E O SEU O PRIMEIRO PREFEITO

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 O dia 30 de agosto de 1910 foi proclamado o Dia da Libertação do Juazeiro. Neste dia os fundadores do Jornal O Rebate, Dr Floro Bartolomeu e o Padre Alencar Peixoto conseguiram com chave de ouro abrir para o povo a luta pela libertação do povoado,  a finalidade era que Juazeiro fosse declarado  município e se desligasse do Crato.  
Do dia 29 para o dia 30 de agosto  de 1910 o povoado foi despertado com salvas de tiros e bombas, mais de  15 mil pessoas se aglomeram na Rua Grande e ouviram os discursos inflamados  do Padre Alencar Peixoto e do Dr Floro Bartolomeu, depois partiram para a casa do Padre Cícero que tinha que abrir as portas para o povo e também discursar, foi o maior movimento já visto no povoado pedindo a sua emancipação.
O Coronel Antonio Luiz Pequeno, prefeito do Crato, conseguia cozinhar o movimento que crescia diuturnamente,  enviou um  batalhão para acabar com o movimento à força, prometendo até a execução sumária, os soldados recuaram diante da grandeza  e da importância do levante, o Padre esboçou até sair do município para não presenciar tamanha atrocidade contra o seu povo, o Coroenel  fez propostas, enviou representantes, negociou as dívidas dos comerciantes (os Impostos) e prometia a libertação, grandes foram as lutas diplomáticas, os coronéis da região (Barbalha, Missão Velha, Milagres) declararam apoio a Juazeiro. Muitas foram as passeatas e as manifestações públicas, O Rebate não dormia e cotidianamente publicava artigos chamando o povo e mostrando que Juazeiro não poderia ser mais agregado ao Crato, o movimento crescia e não teria mais volta, o fulcro era a vontade de um povo que só queria a libertação, a autonomia municipal.

A Impressa da capital era contra o levante, contra o movimento paredista do Juazeiro e no dia 20 de Julho de 1911 o JORNAL UNITÁRIO de Fortaleza publicava um artigo assinado pelo jornalista  João Brígido desdenhando do movimento, dizia que Juazeiro nascera para ser  VILEZA, jamais chegaria a Município, calou-se dois dias depois, quando a Lei 1028 de  22 de Julho de 1911 foi votada e aprovada pela  Assembléia Legislativa do Estado do Ceará oficializando a criação  de mais um município, dando a sonhada independência ao povo do Padre Cícero. A festa foi de noite adentro até o amanhecer do dia 23.

Foram reservados para o novo município, 224 quilômetros quadrados no coração do cariri, a divisa com Barbalha limitada pela Lagoa Seca, com  São Pedro ( hoje Caririaçu) limitada pelo Riacho dos Carneiros, com o  Crato pelo Riacho São José e  com  Missão Velha o   Rio Carás. Do embrião Tabuleiro Grande nascia o mais próspero município do interior do Ceará, sob a batuta do padre Cícero Romão Batista, capitaneada  por dois   condutores pra lá de inflamados, o Dr Floro e o Padre Peixoto e   uma população pujante , sedenta, altiva , cansada de sofrer e de enviar divisas financeiras para o município sede, o Crato do Coronel Antonio Luiz Pequeno.

O Presidente do estado do Ceará o Dr  Antônio Pinto Nogueira Accioly, casado com a filha do Dr Tomás Pompeu de Sousa Brasil, o Senador Pompeu,  de  quem herdou seu legado político,  logo designou o  Padre Cícero como o chefe do partido local, o arrebatando para a politica partidária, o Padre passou a ser chefe politico do município e da região, introduzindo a cidade   em quase todos os acontecimentos históricos do Brasil, Juazeiro passou a ser um foco   visível para a nação e tema obrigatório em todos as rodas políticas.

Foi solicitado a escolher o primeiro prefeito do novo municipio, quatro foram os nomes a perseguir o cargo.

1-Dr Floro Bartolomeu médico , amigo do Padre , fundador do Jornal O Rebate e ferrenho brigador.
2- o Padre Alencar Peixoto, padre de pavio curto, também fundador do O Rebate, ferrenho ativista, amigo do Padre Cícero e o mais interessado em ser prefeito.
3- o comerciante José André, homem influente e rico do município, um dos negociadores do pacto de paz com os gestores do  Crato.
4-  o major Joaquim Bezerra, grande latifundiário e de posição do povoado, descendente do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro  proprietário da Fazenda Tabuleiro Grande em cujas terras  nascera o pequeno povoado .

O Padre fez uma analise e estudou cada pretendente,  pelo perfil do Alencar  Peixoto o excluiu, era também a vontade do Dr Accioly, explicitada a posteriori por telegrama; com esta atitude ganhou um dos maiores inimigos, o Padre Peixoto saiu atirando para todos os lados, dizia que  tinha a promessa de ser o escolhido, o outro foi  o  Dr Floro, este  foi avacalhado publicamente  pelo Padre Alencar, não tinha condições por diversos motivos, inclusive por ser um forasteiro recem chegado ao povoado, sem caráter e sem nenhuma expressão na região do cariri, o Padre Cícero compreendeu o recado, também o descartou, ficaram  o comercante e o latifundiário, os homens mais ricos do arraial,  o povo ficou numa dúvida muito grande, enorme seria  a responsabilidade do Padre Cícero em indicar um dos nomes, em apoiar um dos dois candidatos, foi criado um  conflito  e numa saída maestral, como dizem  os grandes homens , numa saída salomônica,  resolveu o Padre Cícero assumir ele próprio a cadeira de : O primeiro Prefeito do Juazeiro recebendo o apoio  do presidente do Estado Dr Antônio Pinto Nogueira Accioly e de toda a população Juazeirense.

Foi assim que Juazeiro foi emancipado e ganhou o seu primeiro prefeito.

Iderval Reginaldo Tenório
Fontes diversas
Fontes principais- Lira Neto, Amalia Xavier de Oliveira, Renato Casimiro e Daniel Walker
 
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