sexta-feira, 6 de julho de 2012

FERNANDO PESSOA-CASTRO ALVES

                                                                                                     
                                                            FERNANDO PESSOA

                                           Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro      

                                                           
                                                      

                                                                               

                                                                             

CASTRO ALVES 


                                                           NAVIO NEGREIROS      


Este texto foi tema de uma peça no Colégio Salesiano,nele fazíamos um paralelo com o grande Castro Alves com  Navio Negreiros.Eram verdadeiros passeios culturais pelo mundo de cá e  o mundo do  além mar. Cá E Lá.Iderval Reginaldo TenórioAguardo o seu comentárioEscutem Amália Rodrigues com Uma Casa Portuguesa               Álvaro de Campos
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
Nunca Conheci quem Tivesse Levado PorradaNunca conheci quem tivesse levado porrada. 
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. 

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, 
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, 
Indesculpavelmente sujo, 
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, 
Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, 
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, 
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, 
Que tenho sofrido enxovalhos e calado, 
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; 
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel, 
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, 
Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, 
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado, 
Para fora da possiblidade do soco; 
Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, 
Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo. 

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo, 
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho, 
Nunca foi senão princípe - todos eles princípes - na vida... 

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana, 
Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia; 
Quem contasse, não uma violência, mas uma cobardia! 
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. 
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? 
Ó princípes, meus irmãos, 

Arre, estou farto de semideuses! 
Onde há gente no mundo? 

Então só eu que é vil e erróneo nesta terra? 

Poderão as mulheres não os terem amado, 
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca! 
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, 
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? 
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil, 
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza. 

Álvaro de Campos, in "Poemas" 
Heterónimo de Fernando Pessoa



Uma casa portuguesa - Amália Rodrigues

"Uma casa portuguesa" Música: Vasco Matos Sequeira e Artur Fonseca Letra: Reinaldo Ferreira Interpretada por Amália Rodrigues
por carlosferreira960  117239 exibições

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