quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

OS IMPOSTOS QUE OS BRASILEIRO PAGA. Rodolfo Ricart


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OS IMPOSTOS QUE OS BRASILEIRO PAGA.

Rodolfo Ricart

Eu nasci inriba da serra,
Me criei nos Bodocó,
Briguei cuns fie d´uma égua
Lá pras bandas dos Confundó,
Botei suas tripas pra fora
Cum minha faquinha cotó.

Agora vem esse sujeito
Chei de lero e cunvessêro,
Sabendo qui sou cabôco
Das Bandas do Juazeiro,
Qué fazê o seu furdunço
Montado no meu dinhêro.

Seu dotô me adiscurpe
Num quero lhe aborrecê,
Pegue uma parte do dinhêro
Que madei pra vossemecê
E pague aos dotô da medicina
Para os povo num adoecê.

Tire ôtra parte do arrecadado
E construa mais escola,
Pague bem aos professô
Compre  livro, lapis e sacola,
Valorize estes baluartes
Não pague saláro de esmola.

Venho  d'uma famia simples
Eu sou fie de  agricultô,
Num frequentei boas escola
Mais sou home de valô,
Se estudasse mais mei quilo
Eu seria seu professô.

Seu prefeito me adispeço
Tenha munta paciença,
Faça hospitá para o povo
Utilizando a sua sabença,
Pense na próxima inleição
Não arrisque a sua setença.

Pegue a sua parte do bolo
E aplique na instrução,
Dê um pedaçim pra saùde
E  veja qui eu tenho razão,
Gastar em festa é disperdiço
Quem salva o povo é a educação.

Sei qui vossa senhoria
É um home de valô,
Valorize as nossas escolas
O médico e o professô,
Administre a sua cidade
Cum seriedade e mais rigô.

Aqui fico no meu canto
Trabaiando todo dia,
Pra sustentá munta gente
Nesses dia de agonia,
Mais faço cum munto orguio
Deixe eu educar a minha famia.

Dotô meu munto obrigado
Qui já vou me arretirá,
Não queria lhe aborrecê
Eu Só queria  protestá,
Por êsse grande desatino
Que sofro no meu lugá.

Sou um cabôco acanhado
Não pissuo quage nada,
Na labuta e no  trabaio
Minha vida é aperreada,
Vô lhe fazê um bom convite
Venha me ajudá na inxada.

Vamos formá professô
Muntos médicos e ingenhêro,
Vamos construir escola
Para o povo brasileiro,
Vamos fazê um bom serviço
Gaste bem esse dinhêro.

Peço discurpa ao dotô
Se pu acauso  lhe abusei,
Não pudia ficar calado
Neste mundo chei de lei,
Porém está faltando estudo
Deus  me perdoe  se eu errei.

Adolfo Ricart
SOBRAMES 



Farinhada - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=Lk_m9gu6xTg
18 de mar de 2012 - Vídeo enviado por apfrezende G
Música Farinhada com Luiz Gonzaga. ... Farinhada. apfrezende G. SubscribeSubscribedUnsubscribe 6 ...

LUIZ GONZAGA E ELBA RAMALHO - FARINHADA - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=vx1hicJ54rY
10 de nov de 2012 - Vídeo enviado por asmfpb
LUIZ GONZAGA E ELBA RAMALHO - FARINHADA. asmfpb. SubscribeSubscribedUnsubscribe 4 ...

FARINHADA - LUIZ GONZAGA - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=7fWCqeYp8NM
26 de jun de 2011 - Vídeo enviado por LILIANSOUSA11
Escola Estadual Presidente Dutra, Goiânia,.apresentação das alunas do 5ºA e B do turno matutino ...

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A Morte de Nanã (Patativa do Assaré)


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Do nordeste brasileiro sai cada pérola  que deixa boquiaberto o mais letrado dos letrados deste mundo.

De uma simples choupana ou de uma reles casa de taipa, de sopapo ou de barro batido surge um monstro sagrado na cultura popular, na cultura sofisticada e letrada deste nosso globo terrestre, o mestre Antonio Gonçalves, o Patativa do Assaré , que  numa noite de tristeza e de muita saudade nos presenteou com esta poesia-: A MORTE DE NANA,  na qual retrata o sofrimentos de uma pai da caatinga ao perder uma filha e o quanto  de importancia sigfinica um rebento para um pobre e bruto homem, que de bruto só possue a falta do cinhecimento das letras, pois de resto é transbordante em tudo quanto é sabrado num ser humano, o homem do campo extrapola em tudo, principlamnete no amor, na seriedade,  no respeiro, na ética e na condução da vida com simplicidade e maestria, o Patativa foi sublime, como tem sido sublime em tudo que nos presenteia. 
A MORTE DE NANÃ. 
Patativa do Assaré .

Iderval Reginaldo Tenório

A Morte de Nanã 

(Patativa do Assaré)

Eu vou contá uma história
Que eu não sei como comece,
Pruquê meu coração chora,
A dor no meu peito cresce,
Aumenta o meu sofrimento
E fico ouvindo o lamento
De minha alma dolorida,
Pois é bem triste a sentença,
De quem perdeu na existência
O que mais amou na vida.
 

Já tô véio, acabrunhado,
Mas em riba deste chão,
Fui o mais afortunado
De todos filhos de Adão.
Dentro da minha pobreza,
Eu tinha grande riqueza:
Era uma querida filha,
Porém morreu muito nova.
Foi sacudida na cova
Com seis ano e doze dia.
 

Morreu na sua inocência
Aquele anjo encantadô,
Que foi na sua existência,
A cura da minha dor
E a vida do meu vivê.
Eu beijava, com prazê,
Todo dia de manhã,
Sua face pura e bela.
Era Ana o nome dela,
Mas eu chamava Nanã.
 

Nanã tinha mais primô
Do que as mais bonita jóia,
Mais linda do que as fulô
De um tá de Jardim de Tróia
Que fala o doutô Conrado.
Seu cabelo cacheado,
Preto da cor de veludo.
Nanã era meu tesouro,
Meu diamante, meu ouro,
Meu anjo, meu céu, meu tudo.


Pelo terreiro corria,
Sempre se rindo e cantando,
Era nutrida e sadia,
Pois, mesmo se alimentando
Com feijão, milho e farinha,
Era gorda, bem gordinha
Minha querida Nanã,
Tão gorda que reluzia.
O seu corpo parecia
Uma banana maçã.
 

Todo dia, todo dia,
Quando eu voltava da roça,
Na mais completa alegria,
Dentro da minha paioça
Minha Nanã eu achava.
Por isso, eu não invejava
Riqueza nem posição
Dos grande deste país,
Pois eu era o mais feliz
De todos filho de Adão.
 

Mas, neste mundo de Cristo,
Pobre não pode gozá.
Eu, quando me lembro disto,
Dá vontade de chorá.
Quando há seca no sertão,
Ao pobre falta feijão,
Farinha, milho e arroz.
Foi isso que aconteceu:
A minha filha morreu,
Na seca de trinta e dois.
 

Vendo que não tinha inverno,
O meu patrão, um tirano,
Sem temê Deus nem o inferno,
Me deixou no desengano,
Sem nada mais me arranjá.
Teve que se alimentá,
Minha querida Nanã,
No mais penoso maltrato,
Comendo caça do mato
E goma de mucunã.
 

E com as braba comida,
Aquela pobre inocente
Foi mudando a sua vida,
Foi ficando diferente.
Não se ria nem brincava,
Bem pouco se alimentava
E enquanto a sua gordura
No corpo diminuía,
No meu coração crescia
A minha grande tortura.


Quando ela via o angu,
Todo dia de manhã,
Ou mesmo o rôxo bêjú
Da goma da mucunã,
Sem a comida querer,
Oiava pro de comê,
Depois oiava pra mim
E o meu coração doía,
Quando Nanã me dizia:
Papai, ô comida ruim!
 

Se passava o dia inteiro
E a coitada não comia,
Não brincava no terreiro
Nem cantava de alegria,
Pois a falta de alimento
Acaba o contentamento,
Tudo destrói e consome.
Não saía da tipóia
A minha adorada jóia,
Enfraquecida de fome.
 

Daqueles óio tão lindo
Eu via a luz se apagando
E tudo diminuíndo.
Quando eu tava reparando
Os oínho da criança,
Vinha na minha lembrança
Um candieiro vazio
Com uma tochinha acesa
Representando a tristeza
Bem na ponta do pavio.

E, numa noite de agosto,
Noite escura e sem luá,
Eu vi crescer meu desgosto,
Eu vi crescer meu pená.
Naquela noite, a criança
Se achava sem esperança.
E quando veio o rompê
Da linda e risonha aurora,
Faltava bem poucas hora
Pra minha Nanã morrê.
 

Por ali ninguém chegou,
Ninguém reparou nem viu
Aquela cena de horrô
Que o rico nunca assistiu,
Só eu e minha muié,
Que ainda cheia de fé
Rezava pro Pai Eterno,
Dando suspiro magoado
Com o seu rosto moiado
Das água do amô materno.
 

E, enquanto nós assistia
A morte da pequenina,
Na manhã daquele dia,
Veio um bando de campina,
De canário e sabiá
E começaram a cantá
Um hino santificado,
Na copa de um cajueiro
Que havia bem no terreiro
Do meu rancho esburacado.
 

Aqueles pássaro cantava,
Em louvô da despedida,
Vendo que Nanã deixava
As miséria desta vida.
Pois não havia recurso,
Já tava fugindo os pulso.
Naquele estado mesquinho,
Ia apressando o cansaço,
Seguindo pelo compasso
Das música dos passarinho.
 

Na sua pequena boca
Eu vi os lábio tremendo
E, naquela aflição louca,
Ela também conhecendo
Que a vida tava no fim,
Foi arregalando pra mim
Os tristes oinho seu,
Fez um esforço ai, ai, ai,
E disse: “abença papai!”
Fechou os ói e morreu.
 

Enquanto finalizava
Seu momento derradeiro,
Lá fora os pássaro cantava,
Na copa do cajueiro.
Em vez de gemido e chôro,
As ave cantava em coro.
Era o bendito perfeito
Da morte de meu anjinho.
Nunca mais os passarinho
Cantaram daquele jeito.
 

Nanã foi, naquele dia,
A Jesus mostrá seu riso
E aumentá mais a quantia
Dos anjo do Paraíso.
Na minha imaginação,
Caço e não acho expressão
Pra dizê como é que fico.
Pensando naquele adeus
E a culpa não é de Deus,
A culpa é dos home rico.
 

Morreu no maió maltrato
Meu amô lindo e mimoso.
Meu patrão, aquele ingrato,
Foi o maió criminoso,
Foi o maió assassino.
O meu anjo pequenino
Foi sacudido no fundo
Do mais pobre cemitério
E eu hoje me considero
O mais pobre deste mundo.
 

Soluçando, pensativo,
Sem consolo e sem assunto,
Eu sinto que inda tô vivo,
Mas meu jeito é de defunto.
Envolvido na tristeza,
No meu rancho de pobreza,
Toda vez que eu vou rezá,
Com meus joêio no chão,
Peço em minhas oração:
Nanã, venha me buscá!
 

A TRISTE PARTIDA - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=po430gaUjv4
17 de jan de 2013 - Vídeo enviado por graca lucas
Este vídeo foi produzido e realizado pelos alunos do 3º ano B da Escola da Independência - Araripina- PE ...

triste partida com legendas - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=XIOYI2qa23w
17 de out de 2010 - Vídeo enviado por narinas2
Triste Partida, Luiz Gonzaga, Os nordestinos escravos do sul, esquecidos pelas Grandes midias.